Minha cabeça parece ter sido dissecada. Meus ouvidos ainda estão zunindo. O impacto que o
Carcass causou aos presentes no Lapa Multishow em BH foi algo surpreendente e amplamente discutido na nossa volta pra casa.
Digo surpreendente não por algum questionamento técnico de seus músicos (MUITO pelo contrário), e sim por se tratar de uma “
Reunião”. Uma Banda que retomou suas atividades inicialmente para uma meia dúzia de shows nos festivais Europeus, e que no fim das contas sentiu a necessidade de mostrar ao resto do mundo que o prazer e a paixão de tocar Metal ainda estão entre eles, e intactos.
O show foi agressivo, técnico, contagiante e porque não, nostálgico. Apesar do
Carcass nunca ter pisado em solo tupiniquim quando ainda na ativa, sabemos que todos os apreciadores dos “
4 cavaleiros negros de Liverpool” sempre sonharam na possibilidade de ver os caras em ação. E quem esteve presente não reclamou de ter esperado tanto.
Os músicos estão em suas melhores fases. E isso já era esperado. Apesar do
Carcass parado, todos os integrantes têm seus respectivos trabalhos independentes e isso com certeza foi o que não deixou essa reunião com cara de ressaca de festa.
O vocal de
Jeff Walker (o Dio do death metal pelo seu tamanho, diga-se de passagem) é impecável ao vivo e sua postura é digna de britânico, adicionando somente um pouco de ironia em seus comentários.
Daniel Erladsson faz seu papel seguro e sem firulas. É totalmente perceptível que ele é infinitamente superior, tecnicamente falando, ao comandante original das baquetas
Ken Owen. Mas nem por isso depreciou o trampo do cara e foi sutil o bastante para não aparecer mais do que ninguém.
Agora as guitars... antes de mais nada, vale ressaltar que foi um dos shows mais altos (em decibéis) que já presenciei na minha vida (e olha que já vi Manowar e Motorhead). O lugar era pequeno, fechado, as guitars com a afinação mais baixa que barriga de cobra e tudo muito, muito alto (apesar de cristalino).
Voltando aos pilotos das 6 cordas,
Bill Steer e
Michael Ammot deram um show de riffs, bases brutais e solos desconcertantes. Michael nunca largou o Metal propriamente dito pela sua participação 100% ativa no
Arch Enemy, mas a surpresa foi realmente Bill, que atualmente está tocando Rock básico anos 70 com sua banda
Firebird e nem por isso perdeu sua pegada e amor pelo Metal.
Acho que o ponto máximo do show (estou tirando aqui a execução de clássicos como
Impropagation, Buried Dreams, Corporal Jigsore Quandary, Incarnated Solvent Abuse, Heartwork, entre outros) foi quando Bill assumiu o centro do palco e o vocal principal para execução da clássica “
Exhume to consume” do disco
Symphonies of Sickness. Seu vocal grave e apocalíptico destoa de seu físico frágil e comportado (que lembra muito Randy Rhoads na fase Ozzy) e deixou a galera insanamente agitada, pois as músicas mais antigas (originalmente mal gravadas) soaram infinitamente atuais, ratificando a importância da Banda para o cenário Grind/Death/Thrash.
A Banda está mais do que “afinada”, o que parece realmente é que eles nunca pararam. Sinceramente espero que venham a gravar algo inédito, porque é certo que saia material digno da importância que o Carcass ainda representa pra cena metálica mundial.
E qto a pergunta no título do post... é muito provável que seja!!!
Obs: As fotos eu posto depois, com mais calma.