Saturday, November 04, 2006

METALLICA SUCKS! (uma reflexão)



Yes, it's sad but true. Outrora bastiões da honestidade e dignidade de todo um estilo, defensores da guerrilha "in your face and up your ass" musical para toda uma geração de jovens garotos inconformados com seja lá o que for, James, Lars, Kirk e, talvez um pouco menos, Jason, venderam sua alma ao demônio do dollar fácil. Calma, dinheiro é muito bom, mas não seria integridade um tanto melhor?

As mudanças em sua música iniciadas em "Load" foram radicais e, ainda que tenham gerado alguma música de qualidade indiscutível, acabaram por empurrar a banda para dentro de um universo diferente, onde o termo "lealdade" dura somente até a próxima moda, the new hype. O Metallica acabou alienando sua base de fans, aqueles que carregam a banda nas costas até o fim, apesar dos pesares.

Ok, eles ainda lotam arenas pelo mundo, mas quem seria seu público hoje? Viúvas da década de 80? Vítimas da mídia? Turistas? Jovens fans de rock pesado que assistem à Mtv e vêem Metallica com os mesmos olhos que enxergam Korn e Linkn Park? Tudo me parece plástico demais, organizado demais. Não há autenticidade, não há perigo. Rock and roll tem que ser perigoso, tem que levar seus pais a lhe proibirem de comprar o disco e ir no show.

O Metallica hoje em dia é uma banda que participa em albuns de rappers de qualidade musical duvidosa, excursiona com bandas de rock "hypadas", super fatura os preços de seus ingressos de shows e produtos, lança albuns de versões "sinfônicas" requentadas, autoriza remixes musak para elevadores de suas canções e processa seus fans por escutarem sua música. Me parece claro que esses senhores há muito se cansaram do estilo musical que virtualmente criaram mas continuam presos a ele até uma certa extensão, e se torturam para continuar produzindo mais material que seja ao menos passável e gere os dividendos necessários à manutenção de seu estilo de vida.

Quem assistiu ao filme-documentário "Some Kind Of Monster" pôde presenciar o difícil parto de se escrever um album a 4 mãos (a quarta sendo seu produtor, vejam só), quando temos centenas (ou milhares) de bandas reclusas em garagens que em uma semana geram mais e melhores canções que nossos outrora heróis levaram meses para conceber, e a custo de muito sangue, suor e lágrimas. O processo de concepção de sua arte não parece mais algo natural, e sim uma tortura. Claramente um indicador de que deveriam estar fazendo algo diferente nesse ponto de suas vidas.

É triste ver uma banda sujar sua própria história, mas isso é mais comum do que se pensa. Quem não se lembra com pesar de Tony Iommi enterrando na lama o nome Black Sabbath nos anos 80 e início dos 90? E não é preciso pensar muito para lembrar de outros exemplos.

Na minha opinião, o último album realmente contundente em sua discografia foi "The Black Album", de 1990, um divisor de águas. Depois disso, "Load", um bom disco de rock pesado alternativo, porém totalmente descaracterizado como Metallica. Anos de inatividade criativa depois, lançam mais do mesmo com "Reload" e repetem a nova fórmula. Continuando seu caminho no deserto autoral, cospem no mercado um relançamento incrementado com novas gravações (covers) em "Garage Days", e o supra-sumo do fundo do poço, o pior album de rock jamais lançado: "S & M", regravações com freio de mão puxado e um zumbido chato e insistente no fundo, creditado como uma orquestra sinfônica.

10 anos depois do último lançamento de material inédito e autoral, a ficha começa a cair. Jason deixa a banda insatisfeito e os 3 membros remanescentes decidem finalmente escrever um novo album que rompa com os paradigmas onde a banda havia então se trancado. Depois de muita luta, sai "St. Anger", um album confuso, nervoso, longo e mal produzido. Uma evolução, apesar de tudo. Não lembrava o Metallica da fase áurea mas também não repetia a fórmula pop. Parecia mais um rascunho de algo a ser melhorado em seguida, e é isso o que se espera agora de seu novo trabalho, que parece estar sendo produzido por Rick Rubin, um cara que sabe muito bem onde coloca as mãos.

Novamente se cria uma expectativa e curiosidade sobre os caminhos a serem trilhados pela banda. De uma coisa eu tenho certeza: o Metallica dos 4 ou 5 primeiros discos nunca reaparecerá, mas a banda tampouco parece inclinada a voltar ao estilo "Load" de compôr. Veremos.

Pra encerrar: alguém aí acredita que o Deep Purple gravará um dia outro "Machine Head"? Ou o Nazareth outro "Hair Of The Dog"? Ou os Stones outro "Exile On Main Street"? O mundo muda, e com ele as pessoaes que nele residem.

7 Comments:

Blogger :[marz]: said...

Esqueci que alguns aqui não lêem textos longos, o que é uma pena. Foi mal.

10:26 AM  
Blogger val bonna 665 >> 667 said...

eu li e penso parecido. inclusive hoje em dia posso avaliar sem o menor peso de conciência que Load é melhor que o St.Anger e ainda assim nenhum deles é um bom representante do que a banda produziu em toda sua carreira e que realmente marcou sua trajetória.

rick rubin pode dar um novo frescor, as esperanças não morrem nunca aos fans. mas é bem difícil vir um novo clássico.

5:02 PM  
Blogger Thosewhocannotbenamed said...

Ótimo texto longo.
Load é um excelente álbum.
Este novo disco certamente será mais do mesmo, embora escorado por numa produção decente.

1:08 PM  
Anonymous Anonymous said...

Foda-se quem ñ curte posts longos eheh

Eu mesmo nem li (tô meio sem tempo ahah Stephen King me está roubando ele todo), mas lerei ainda esta semana.

8:10 PM  
Blogger Grimal said...

Qual stephen king?

1:57 AM  
Blogger Colli said...

Quero ver qual será o nome do novo disco desta banda? Quando lançaram o Load, deu para fazer Reload, agora com o St. Anger, quero ver... Até porque pela música que já ouvi(ao vivo) me parece que será uma sequência do St. Anger. Sinceramente, eu não tenho mais esperanças de o Metallica, voltar ser o que era até o Black album.

7:04 AM  
Anonymous Anonymous said...

Aquele, o Rei.

8:16 AM  

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