What Fuckin Scene?? - Gigapost Part 1

Disse que faria um post a parte sobre a dita “cena” de metal seja ela capixaba ou brasileira. Não importa, pois em nenhum nível ela existe. A Cena Metal Underground daqui é uma Matrix, Utopia das bravas mesmo.

Lembro-me de que qdo tinha meus 17, 18 anos carregava minha guitar nas costas, caixa na mão e pedais no bolso pra ensaiar. Num sol ducaralho que vcs sabem q Colatina tem, o local era um terraço fechado cheio de móveis velhos, caixa com gatos pra tudo q é lado e as próprias pessoas da casa reclamando. E eu num tocava porra nenhuma (bom, nem hj né...hehehe). Com uns 19 anos, e tocando bem melhor, entrei na Banda Sky com meus amigos Bola e André (Fullgore) em Vila Velha. Pois é, eu em Colatina e a Banda em Vila Velha. Problema?? Claro q não. Uma semana sim, outra não saía daqui de trem ou busu com instrumento nas costas pra ensaiar com os caras. E viajando com todos cacarecos na cacunda ainda conseguimos tocar em várias cidades do interior do ES e ainda em algumas em MG.

Hj tenho 32 anos e sabe o q mudou?? A única coisa q mudou é q tenho um carro pra me levar aos ensaios q são 2 por semana, um com Scaramanga na terça e outro com o Poisongod aos sábados. E só fui ter carro próprio (sem contar o carro dos meus véios) há 3 ou 4 anos atrás... sabe pq?? Pq tive que escolher em ter um equipamento decente pra eu tocar ou comprar um carro pra sair por aí cantando pneu e tirando onda de “bonzão”. Como escolhi a primeira opção, demorei um pouco pra concretizar o outro desejo.

Qdo montamos o Poisongod já sabíamos as grandes barreiras a serem ultrapassadas: Entrar no circuito de shows da Grande Vitória, o bairrismo por sermos do interior, tocar de graça e provar que tínhamos algo (de bom) a mostrar. Mas isso serviu de incentivo ao invés de desanimar a gente. Gostamos de desafios, e eles são feitos pra serem derrubados.

O primeiro grande problema da dita cena é a inveja. Nunca vi tanta num estilo onde o primeiro passo para q realmente acontecesse algo de concreto para o crescimento seria a união. Neguin fala mal sem conhecer, cria inimizades entre Bandas, inferioriza por vc ser de fora da capital, fala q a sua demo é foda e bem gravada qdo realmente ela é uma merda nos 2 quesitos se for boa mesmo te parabeniza e depois fala mal com os outros. É uma coisa lamentável.

A acomodação tmb me faz rir. Tem Banda q lança uma demo razoável e pronto. Não quer correr mais atrás de shows, pois eles q têm q ser contratados agora, querem ser levados no colo até o palco, toalhas rosas para os glams e preta com penta vermelho invertido para os “Trú”, som e iluminação diferenciados das outras bandas. Isso me enoja e acontece freqüentemente.

Depois vem a segregação de estilos. Essa é a mais ridícula de todas. Sabe pq? Pq o Metal como um todo já não se sustenta com as próprias pernas, imagine então só a cena Black, a Hard Rock, a Thrash e assim por diante. Outro dia André Fullgore disse q estava quase certo um show nosso e deles na 1º Glam Night em VV, eu na hora achei muito engraçado e disse q iria ser duca tocar com os caras cheios de laquê e tal... dias depois a água fria... as próprias Bandas Glam nos limaram por sermos “muito pesadas”. Nem preciso dizer q para os “Trú” somos muito atuais a ponto de quase sermos considerados New Metal por eles...hehehehe!!! É idiotice demais pra minha ínfima inteligência acreditar q eles não conseguem enxergar q agregar valores ( no caso estilos) é a melhor saída para q um evento tenha uma maior probabilidade de bom público. O Voodoo Cowl Music Fest foi o melhor exemplo de sucesso nessa área onde tocaram Bandas díspares como Poisongod, Os Pedrero e o Chakal, agregando tribos diferentes num evento digno de nota em todos os quesitos.

Infelizmente não posso deixar de citar os próprios organizadores de eventos. Na sua maioria (não são todos) não tem condições de organizar um almoço de domingo a dois requentando comida do dia anterior. Não fazem pesquisa pra saber a data, local, horário, som, Bandas melhores para compor seu evento. Simplesmente fazem uma bagunça danada marcando evento no msm dia q outros, sem ordem de apresentação das Bandas, o q é uma briga de foice qdo não temos pessoas civilizadas no esquema, ingressos com preços absurdos e divulgação pífia. Temos um festival aqui em Colatina com mais de 10 anos de existência q consegue piorar a cada ano, parece incrível mas consegue. Cada vez Bandas piores, som horrível, mulambos que aparecem como ratos e a organização ZERO. Desses 10 anos de evento acho q só não toquei em um ou dois então posso falar de boca cheia. E outra, infelizmente falo com as Bandas sérias pra não correrem atrás pq não vale a pena, não acrescenta em nada. Só pra vcs terem idéia, a seleção desse ano das Bandas é a seguinte: Basta ter um nome da Banda e mandar para o organizador, sem material gráfico ou demo, se existir ta dentro. Isso é humilhante pra quem rala pra gravar algo.

Agora vem o pior de todos: O próprio público. Parafraseando nosso grande pensador metálico Carlos Vândalo q diz “Cena?? Q Cena? São apenas um bando de caras bebendo cachaça e ouvindo som”. Sad but true. Pegue os shows de sua cidade e analise com seriedade o potencial do público presente. 60% ou mais são mulambos. Algum problema em ser mulambo? Pra própria pessoa e pra mim não. Mas pra quem almeja uma "cena" algum dia existe problema sim. Os caras vão aos shows, tomam cachaça/vinho e batem cabeça desorientadamente a qualquer som q vier do PA. Menos se forem “Trú”, lógico. Pq aí ficam xingando as Bandas q não são extremas, ou gritando os velhos Jargões como “Toca Marduk” pra uma Banda cover do Deep Purple. Um exemplo da não importância do público para com os shows e Bandas na maioria dos eventos aconteceu com Poisongod no começo do ano. Fechamos o ano passado com uma ótima repercussão entre as pessoas esclarecidas do meio, por isso no nosso primeiro show do ano fomos agraciados como “Headliners” do evento. 12 se empolgou bastante até pq ele tem pouco tempo como músico de Banda, mas eu rapidamente disse q aquilo não interferiria em nada e se não tocássemos num horário bom de nada adiantaria a alcunha de “Banda Principal”...blah!! Num deu outra...apesar uma ou duas bandas legais o restante era digna de ressecamento renal, e as mesmas acabaram por ficar com a maior parte do público já q depois da cachaça subir a cabeça todos trataram de sumir pra sarjeta mais próxima. Tocamos pra 1 dúzia de gatos pingados as 4 da manhã. A partir dali 12 entendeu q a maioria não vai a shows pra ver essa ou aquela Banda, vão pra encher o rabo de álcool até qdo agüentarem depois vão embora chutando latões de lixo e gritando nomes macabros como "lucifé dos infa".

CONTINUA...